domingo, 20 de janeiro de 2008

MOINHO DE MARÉ


MOINHO DE MARÉ (TIDEMILL)
Crê-se terem sido inventados no séc.IX, embora as primeiras referências históricas da sua existência se reportem a Bassorá em 985. Foram inventados na tentativa de captarem novas formas de energia, podendo ser mistos, isto é, funcionar com a água do mar e com a ajuda da água de rios ou ribeiras que desaguam para dentro das caldeiras.
Reza a História que o primeiro a surgir em Portugal apareceu em Castro Marim no ano de 1290.
É um moinho que aproveita a deslocação das águas das marés para que, nas suas enchentes (figura de cima), as águas entrem na caldeira (reservatório tipo lagoa artificial ou já existente mas preparada para essa finalidade) e que fiquem presas para que, na vazante (figura de baixo), sirvam para mover os mecanismos do moinho; era uma adaptação dos moinhos de rodízio, apenas diferindo destes na forma da captação da água e do tempo de actividade que depende da capacidade da caldeira, das alturas das marés e de ser de efeito simples ou duplo: isto é, funcionando tanto na enchente como na vazante.
Pode ser de 2 tipos: de rodízio ou de rodete. É curioso verificar que, ao contrário de Portugal, no estrangeiro usava-se mais a roda vertical, como as das azenhas.
Só existe nas zonas marítimas ou em estuários, locais onde se fazem sentir os efeitos das marés. O reduzido tempo de operação era compensado com o grande volume de água disponível, podendo, assim, mover muitas mós (5 ou mais). O seu funcionamento pode dividir-se em 3 momentos ou fases:
a) quando a maré está a encher (enchente) os mecanismos estão parados e a água entra na caldeira através da comporta (atoche) automática ou, por vezes, manual;
b) manualmente, ou pelo peso da própria água, a comporta é fechada quando a força da maré deixa de se manifestar, ficando assim retida a água na caldeira aguardando uma decisão do moleiro que verá quando a vazante estiver favorável à laboração dos rodízios;
c) quando a água se começa a lançar no rodízio este começa a girar fazendo rodar as mós que se encontram no piso de cima – fase da produção. Quando a água deixa de ter força para este movimento os mecanismos param e aguarda-se nova enchente. O tempo de laboração era de 2 a 4 horas seguidas, já que dependem das marés que têm diversas alturas.
Muitas vezes, devido ao lugar em que estão edificados, os moinhos estavam equipados com cais que lhes permitia receber o cereal transportado por barcos. Por vezes o cereal chegava molhado ao moinho pelo que este possuía espaços adequados, em geral no 2º piso, para a sua secagem.
Nunca se encontram em locais batidos pelo mar mas em zonas calmas como esteiros ou sapais.
Garantem um funcionamento regular já que não dependem das irregularidades dos ventos nem das secas ou cheias dos cursos de água. Historicamente considerados produtores de riqueza eram quase exclusivamente propriedade das classes abastadas (rei, aristocracia, ordens religiosas e grandes proprietários), até porque a sua construção era bastante dispendiosa e não era qualquer pessoa que o podia fazer. As suas contruções possuíam quase sempre dependências para o moleiro e sua família e celeiro e, como atrás se disse, local de secagem.
Na região de Lisboa encontram-se três em muito boas condições: em Corroios, no Montijo (o moinho do Cais) e perto de Setúbal (o moinho da Mourisca).

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

MUSEU DA PRESIDÊNCIA E PALÁCIO DE BELÉM

Uma visita que fizemos no passado fim-de-semana foi ao Palácio de Belém para ver uma exposição dedicada ao Menino Jesus (onde não se podia tirar fotografias mas muitas pessoas as faziam). Ou melhor: às muitas imagens do mesmo existentes por este país e de que estas eram uma amostra. Aproveitámos – o preço do bilhete também o incluia – para rever o Museu da Presidência nas suas novas instalações (onde se podia fotografar e quase ninguém o fazia).
No primeiro a ingenuidade e capacidade das mãos femininas para fazer roupas pequeninas, para vestir bonecos, era espantosa. Mais do que a arte de quem construiu as figuras.
No segundo muitos presentes belos e valiosos estavam à nossa vista, sobretudo recebidos por Presidentes como Ramalho Eanes, Jorge Sampaio, Spínola e outros. Mas não de Mário Soares. Porque será? Tanto viajou e nada recebeu? Ou estão noutro lado? Mas não foi o presidente - não o cidadão - que os recebeu? Enfim. Mais umas historietas para a História julgar.
Valeu a pena. Foi muito agradável e enriquecedor. Boas iniciativas.

LISBOA - DAKAR

Mais outra frustração no início do ano: o ‘nosso’ Lisboa-Dakar. É um facto que não somos grandes entusiastas deste tipo de desporto. Mas isso não nos deixa de acarinhar esta manifestação desportiva. E de nos deleitarmos com as cores, com os ruídos – dos miúdos e graúdos, de podermos estar a um passo de máquinas que, quer tenhamos querido ou não, já fazem parte do nosso imaginário anual, de ver uma grande organização a funcionar. Mas isso acabou. Só esta ano, esperemos. Saímos da zona onde tudo isto se passava momentos antes de ser dada a notícia do cancelamento do Rali. Como não ouvimos os noticiários não sabíamos do que se estava a passar, apenas nos apercebendo disso quando, ao fim da tarde, passando junto de alguns hotéis na José Malhoa vimos muitos veículos aí estacionados e achámos estranho. Mais tarde deparámo-nos com a notícia. Foi triste. As notícias eram fidedignas? Não havia mais qualquer coisa que não sabíamos? Não existiria uma alternativa? Não havia sempre riscos? Etc etc. Enfim. Vamos a ver, como diz o cego.

FIM DE ANO 2007


A chamada ‘Passagem de Ano’ foi, uma vez mais, um acontecimento sem qualquer interesse, em que se comeu um pouco diferente do que se come todos os dias, em que as pessoas cantam umas ‘brasileiradas’ sem qualquer interesse e relação com a nossa cultura, em que muita gente aproveita para dizer umas larachas que normalmente não diria noutras alturas, em que alguns aproveitam a ocasião para fazer umas parvoíces, e outros se gostariam de divertir um pouco mas não sabem como fazê-lo, caindo em exageros nada recomendáveis. Outros, apesar de tudo muitos – quem diz que a vida está cara?, para esses parece que não há quaisquer situações de crise - aproveitam para mostrar que a vida, afinal, não está tão cara como eles próprios muitas vezes dizem, gastando fortunas em jantares e bailes que, por incrível que pareça – porque será? - não trazem nada à sua felicidade ou bem estar. Nem às dos outros. Servem apenas para mostrar a hipocrisia reinante no nosso país de pobrezinhos – os mais pobres da Europa – mas que têm a mania de que são grandes. Que tristeza. Enfim, uma noite em que nos deitámos tarde sem ter encontrado qualquer coisa de interesse ou ganho moral. Até o fogo de artifício que ardeu no Parque das Nações não passou de mais do que isso: ardeu. Sem interesse, pobre, feio, limitado. Para esquecer. As pessoas regressavam com as caras de frustração que eram de esperar perante tanta pobreza. Mas grande publicidade. Como agrada à nossa tão querida classe de políticos. Se o ano de 2008 em Lisboa for tão agradável e rico como o fogo de artifício que nos impingiram na passagem do ano de 2007 para 2008, estamos feitos... Bem podemos limpar as mãos à Câmara de Lisboa. Muita palha mas pouca uva.
Bom. Nem tudo foi mau: aproveitámos para rever Amigos, o que já por si foi muito bom.

SWEENEY TODD



Fomos ver um musical chamado SWEENEY TODD, O TERRÍVEL BARBEIRO DE FLEET STREET. Francamente esperava muito mais de um musical que estã em cena há muitos anos. É verdade que não sou um grande apreciador de musicais mas o mínio que peço é que a música fique no ouvido. E ela não ficava. Às vezes nem parecia haver. È verdade que quando isso acontecia os nossos cantores eram uma maravilha: vozes lindas, potentes, bons intérpretes. Mas faltava qualquer coisa. Não consegui chegar ao fim trauteando umas notitas. Fiquei frustrado. Não digo que não gostei – mentiria - digo apenas que a história era engraçada, com muitas possibilidades, muito bem interpretada – nem sempre dita com a clareza necessária ou pelo menos sem que o sistema sonoro fosse límpido de modo a poder ser bem entendida - mas fiquei com aquele ‘amargo na boca’ de quem estava à espera de uma iguaria deliciosa e apenas ficou com um belíssimo pão de trigo. O que apesar de tudo não é mau de todo.