domingo, 26 de fevereiro de 2017

TRACTORES DA MINHA JUVENTUDE

É sempre  vivificante recordar momentos do passado, quer através da palavra escrita ou de imagens, quer entrando em contacto directamente com pessoas ou coisas que nos trazem recordações e nos lembram o quão rapidamente o tempo passa. Mas que nos ensinam que recordar é viver, que recordar é um ir atrás no tempo, é colocarmo-nos num tempo que não é o hoje mas o ontem, é vermo-nos de repente perante imagens e sons e vivências que pareciam já um pouco esquecidas.     Afinal, para que serve todo este paleio?


Apenas para dizer que no Verão passado visitámos algumas festas e romarias em que ele é fértil e recordámos muitos momentos da nossa meninice em que no verão o vai-vem dos tractores carregados de trigo chegavam continuamente à minha terra para utilizarem o trabalho de uma ou duas debulhadoras que lá passavam um ou dois meses debulhando a semente de que tanta gente necessitava. Era um ruído diário, e por vezes nocturno, que nos acompanhava e cuja origem nos era agradável de admirar: rodas que giravam, motores que rugiam, correias implacáveis no seu andar e que por vezes feriam quem perto delas estava, homens no chão a enviar atados de trigo para cima da debulhadora onde outros homens os recebiam e os introduziam nas entranhas dessa máquina, homens que do outro lado desta enchiam sacas com a cereal dela saído e, mais atrás, o ruído de vai-vem da enfardadeira. 



Era uma actividade que se repetia todos os verões e que era esperada com toda a ansiedade.
Até que foi diminuindo e quase deixou de existir. Os terrenos que anteriormente eram fruto do trigo foram abandonados ou replantados com árvores ou vinha.
E nessas festas e romarias encontrámos muitos tractores que, recuperados ou ainda em funcionamento, apoiaram essa actividade agrícola e agora apoiam outras que entretanto surgiram.  
Aqui ficam as imagens de alguns que pudemos apreciar e que, como dissemos, tantas boas recordações nos deixaram e tanto carinho merecem dos seus proprietários e de quem os decidiu agrupar para benefício e prazer de outros.






sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

OS MOINHOS E O MAR - 2

AGUILHÃO ou AGULHÃO
MOLINOLOGIA - MOINHOS de águaAGUILHÃO: veio em metal ou pedra que se encontra na base da árvore do rodízio e que suporta todo o aparelho motor e moageiro. AGULHÃO: veio em metal ou pedra que se encontra na base da árvore do rodízio e que suporta todo o aparelho motor e moageiro; ou ponta metálica no eixo exterior das rodas de água verticais e que lhes serve de apoio; ou veio ou ponta de apoio no extremo posterior do mastro dos moinhos de vento.

MAR - AGUILHÃO: pedra com uma extremidade aguda e que está colocada dentro de um rio. AGULHÃO: agulha magnética por cujas indicações se faz a navegação

Os moinhos confundem por vezes estas duas palavras, o que não acontece na náutica em que os sentidos estão perfeitamente definidos. Contudo, embora nomeando objectos diferentes nas duas áreas, eles são semelhantes no seu desenho e na sua finalidade: são as pontas que se encontram nas extremidades dos veios ou eixos com idêntica finalidade; por outro lado também se dá este nome à agulha magnética porque, exactamente, tem um desenho muito parecido.


AGULHA
MOLINOLOGIA - MOINHOS de vento - utensílio de aço em forma de estilete com um bico numa ponta e um furo na outra destinado a coser as velas.

MAR - instrumento metálico filiforme usado para coser as velas.

Este utensílio usado em diversas áreas da vida humana, é-o também aqui e com muita frequência. Tem a mesma aparência, eventualmente com pequeníssimas diferenças, e a mesma finalidade: coser o pano. Como se disse não é usado unicamente por estas áreas nem, de certeza, foi por elas inventada.


AGULHETA
MOLINOLOGIA - peça pertencente ao aliviadouro que permite aliviar a mó, isto é, separar ou aproximar a mó do poiso.

MAR - tubo de cobre ou latão que é enroscado na extremidade das mangueiras das bombas de incêndio.

Neste caso encontramos uma palavra para dois objectos muito diferentes e com finalidades também muito diferentes. Só com muito esforço poderíamos encontrar no seu desenho filiforme algumas semelhanças que não chegariam, contudo, para vermos alguma relação entre elas.

SANTIAGO DE COMPOSTELA e OURENSE

Em ano de Xacobeu todos nos sentimos um pouco tentados a visitar Santiago de Compostela. Quando no início de Outono de 2009 os nossos filhos decidiram, mais ou menos de repente, fazer o Caminho de Tui a Santiago, combinámos ir buscá-los 5 dias depois a Santiago aproveitanto para rever a cidade, suas igrejas e monumentos, e abraçar e pedir a protecção do Santo. Mas o homem põe e Deus dispõe; e assim três dias depois acabámos por ir só até Pontevedra onde nos encontrámos com nossos peregrinos, exaustos e encharcados, pois o mau estado dos caminhos, grande parte deles alagados, o peso da roupa de inverno e as botas desfeitas, os haviam obrigado a adiar os restantes 50 km para posterior caminhada. Mas a ideia de revisitar Santiago, principalmente nesta época tão especial, levou-nos a voltar no Verão. Assim, numa manhã que mais parecia Outono, chegámos a uma Santiago chuvosa e escura, em que nos sentimos solidários com os pobres peregrinos que chegavam debaixo daquele tempo. No entanto, visitar estes locais de peregrinação em certas épocas não é realmente nada fácil. As filas para entrar na Catedral eram tão compridas e compactas que davam várias voltas e faziam desanimar os mais pacientes, ainda por cima debaixo de chuva miudinha. Assim, após um olhar mais ou menos demorado para a grande e sumptuosa Catedral e um pequeno passeio pelas sempre simpáticas ruelas, decidimos abrigarmo-nos da chuva numa das ‘bodegas’ da zona, à frente dum pratinho de ‘tortilla’, um bom ‘queso’ e umas quantas ‘canhas’, seguidos de uma fatia de tarte de Santiago, para nos lembrarmos onde estávamos; e lá seguimos viagem para Ourense, que ainda não conhecíamos.

A cidade de Ourense fica situada a cerca de 100 km de Santiago no caminho de Madrid, numa região de serranias que abrange todo um vale, e é atravessada pelo nosso bem conhecido rio Minho (Miño). É uma cidade muito simpática, cuja principal característica são as suas termas de águas sulfurosas, quer ao longo das margens do rio, quer mesmo dentro da própria cidade. As nascentes dentro da cidade são aproveitadas para piscinas exteriores muito concorridas e muito aprazíveis, principalmente nos dias quentes de Verão, pois trata-se de uma cidade de interior. O mesmo acontece com as margens do rio, relvadas e com bastantes árvores frondosas, convidando-nos ao descanso e a saborear momentos de paz e traquilidade, ouvindo os murmúrios do rio no seu leito de pedras e os sempre aprazíveis trinados dos pássaros, habitantes inseparáveis destas zonas húmidas.

Desde a simpática sala de visitas, a Plaza Mayor, até à longa Calle do Progreso, com as suas larangeiras e lojas modernas, passando pela velhinha ponte romana – a ponte Maior - e pela moderna ponte do Milenio, tudo nos encantou; mas foi sem dúvida a visita à Catedral que nos encheu as medidas. E, como às vezes há momentos de sorte, este foi um dele: foi-nos dada a conhecer a Catedral em todo o seu esplendor, por lhe terem abertas todas as portas, devido a uma visita especial. Assim, conseguimos ver o fantástico esplendor policromático da entrada principal da Catedral, uma joia que habitualmente está obscurecida pela falta de luz.Tivemos também muito sorte quer com o tempo, que melhorou e se tornou muito quente, quer com o local de alojamento escolhido, um hotel da cadeia Eurostar, localizado fora da cidade, mas no cimo duma pequena serra, com uma vista muito aprazível, uns quartos muito simpáticos e uma piscina muito cobiçada, mas não utilizada porque nos tíinhamos esquecido do fato de banho !!!

PALÁCIO DA BREJOEIRA

Com as auto-estradas algumas das casas solarengas do nosso Norte vão ficando menos acessíveis e até menos visíveis: é o caso da Quinta da Brejoeira. E foi preciso um pequeno artigo numa revista para nos recordarmos que há alguns anos a estrada nacional que nos ligava a Espanha pelo norte passava por esse belo e isolado edifício, que nos fazia lembrar os fidalgotes e morgados da província com as suas belas casas, para mostrar ao povo que tinham dinheiro e que eram uns senhores. Embora os fidalgotes já não existam, os solares, pelo menos alguns mais emblemáticos, continuam de pé. Assim num luminoso dia de Verão deixámos a auto-estrada e embrenhamo-nos nas serras direito a Arcos de Valdevez, Ponte da Barca em direcção a Monção, isto é pela velhinha N101. Alguns quilómetros antes de Monção, ali estava no meio da verdura dos vinhedos centenários do famoso alvarinho, a Quinta da Brejoeira, finalmente aberta ao público para visita. A casa é uma casa rural de fidalgo de província a tentar parecer–se com um palacete, com alguns apontamentos de interesse, especialmente na sala de jantar e no teatro, que considerámos espantoso. Infelizmente o tempo e a incúria deixaram algumas marcas, mas estamos certos que a actual dona, ao proceder à criação desta fundação, vai no bom caminho para o sucesso deste espaço. As matas circundantes e os vinhedos são também um aspecto muito aprazível da quinta e a ideia de utilizarem a área da famosa alameda das tílias como futura zona de chá, parece-nos deveras interessante. Esperamos que as boas ideias prevaleçam para tornarem aquele local já de si tão lindo, ainda mais simpático e convidativo !!!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

UM CONCERTO NO PALÁCIO FOZ

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Há dias atrás, mais precisamente no dia 31 de Janeiro, fomos assistir a um concerto na Sala dos Espelhos do Palácio Foz. Fizemo-lo por informação de uma amiga nossa e foi um completa e agradável surpresa. Primeiro porque foi grátis, o que é difícil de acontecer; em segundo lugar porque foi de grande nível.


A primeira parte foi preenchida por peças musicais executadas por dois virtuosos, um do acordeão – Nelson Almeida, o outro do saxofone – Nuno Miguel Silva, e que formam o grupo SAXACORDEON. A maioria das peças foram adaptadas para esses instrumentos mas nada perderam com isso. Valeu a pena e não podemos esquecer estes nomes.



A segunda parte foi um recital de homenagem a Juan Ramón Jimenez e Federico Garcia Lorca pelo TRIO CEANPACecilia Montserrat (declamação), Paz Jaramillo (piano) e Mª Angustias Cartagena (canto). Tiveram uma convidada cujo nome, infelizmente, não retivemos e que foi parte importante no espectáculo que teve como responsável o Instituto Cervantes. Foram declamados poemas e ditos textos daqueles autores e sobre eles. Com a música como pano de fundo e, por vezes, como protagonista, assistimos a momentos artísticos e emocionais verdadeiramente brilhantes. Ficámos com verdadeira admiração pela pianista.



Foi um fim de tarde inesperado mas totalmente satisfatório.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

UMA VISITA AO MOINHO DE PAPEL DE LEIRIA


Quando se aprecia e respeita o nosso património – qualquer que seja o tipo – não nos podemos esquecer do património arquitectónico. Este é muitas vezes esquecido até por quem tem por missão zelar pela sua manutenção ou até pela sua restauração. Não é o caso presente, se bem que levasse o seu tempo até o podermos visitar como fizemos na semana passada.

Estamos a falar do Moinho de Papel de Leiria. Este, que foi o primeiro moinho de papel a existir em Portugal e em grande parte da Europa, deixou-nos maravilhados com aquilo que mostra e com aquilo que nos faz imaginar quanto à vida que ali decorreu durante séculos. É claro que naquelas instalações também existiram engenhos de moagem de cereais e um lagar de azeite de efémera existência. Se o engenho de papel era tocado por uma roda vertical, larga, os engenhos de moagem de cereais eram tocados por rodas horizontais – rodízios, bom como o lagar de azeite que não foi restaurado dada a sua pequena dimensão económica.

A sua restauração foi baseada em estudos, pesquisas arquelógicas e comparando com outros engenhos que também existem. A primeira sala de moagem tinha, diziam, seis ou sete engenhos mas que foram apenas restaurados quatro porque no início eram quatro. Contudo uma questão se nos coloca: então porque existem apenas três caboucos? É claro que isso poderia ter acontecido mas porque o fazer se havia espaço suficiente para tal sem ser necessário recorrer a artimanhas arquitectónicas?
A parte relativa ao moinho de papel é pequena, bem mais pequena que o moinho de papel de Paços de Brandão.

Há ainda outra sala com engenhos de moagem e uma roda de água para produzir energia eléctrica mas que ainda não está em funcionamento.
Em resumo: é um belo edifício com belos engenhos de moagem, um moinho de papel, tudo a funcionar perfeitamente, com competentíssimas(os) assistentes e que, embora muito recente, nos faz querer lá voltar muito em breve. Não esquecer uma completíssima e muito bem apresentada brochura sobre o Moinho.

UMA VISITA À BATALHA


Um destes dias estivemos na Batalha que já não víamos há algum tempo. Não é que houvesse algo de novo mas é sempre impressionante ver aquelas paredes, umas completas, outras incompletas, que representam tanto para o nosso país: uma das principais batalhas pela independência de Portugal. Até parece politicamente incorrecto estar a falar nisto quando o famigerado acordo ortogáfico tanto tem lutado para subalternizar a Língua Portuguesa, vendê-la a interesses estrangeiros que nada honram Camões e outros escritores de Portugal. E depois querem que a juventude Portuguesa saiba Português... É de chorar!!! Nem a Língua Portuguesa escapa à época de saldos em que se encontra Portugal.